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quinta-feira, 29 de julho de 2010

NeuroLiderança: a arte de conduzir pessoas vira ciência.

Nos últimos 30 anos a neurociência deu saltos enormes em direção a um maior entendimento do funcionamento do cérebro humano. Tecnologias muito recentes, como a ressonância magnética funcional, a tomografia computadorizada, e outras, criaram a possibilidade de observar o cérebro, enquanto funciona normalmente num ser vivo e em condições comuns ao dia a dia. Inúmeros projetos de pesquisa têm estudado e desvendado os mecanismos cerebrais por trás de processos mentais cruciais como a geração de emoções e comportamentos, a motivação, a tomada de decisão, a aprendizagem, a negociação, a resolução de problemas etc.

Como podemos utilizar este conhecimento? Em quais áreas de atuação e de que forma, saber como funciona nosso cérebro pode nos ajudar a usá-lo melhor? Uma área óbvia é a liderança, a competência para motivar e influenciar pessoas, e realizar através delas.

Que aplicação o conhecimento ampliado dos mecanismos cerebrais encontra na noção e na prática da liderança? Foi justamente buscando respostas para essa pergunta que David Rock (Quiet Leadership, 2006) ajudou a desenvolver o campo da NeuroLiderança, um novo e promissor campo de pesquisa aplicada na interseção entre neurociência e liderança.

O primeiro Summit Internacional de NeuroLiderança concretizou a fundação do NeuroLeadership Institute em 2007, que focaliza integrar os conhecimentos neurocientíficos às áreas de desenvolvimento de líderes, treinamento gerencial, change management, educação, consultoria e coaching, entre outras. O foco dessa pesquisa concentra-se em quatro grandes aspectos da prática da liderança:
* tomada de decisão e solução de problemas,
* domínio emocional especialmente quando sob pressão,
* colaboração e trabalho em equipe,
* facilitação da mudança.

Alguns dos componentes do entendimento ampliado do cérebro centrais ao conceito de NeuroLiderança são:

* O cérebro é um sistema de conexões entre neurônios e "grava" novas informações, criando novos conjuntos de conexões como circuitos impressos. Aprender, solucionar problemas, tomar decisões são atividades que implicam na "gravação" de novos circuitos, como abrir trilhas num campo gramado.

* Nenhum cérebro é idêntico a outro, apesar de todos serem similares. Ninguém pensa de forma idêntica a de outro.

* A operação consciente consome mais energia (pensar cansa!) e é mais lenta que a operação inconsciente. Para economizar energia e operar mais rapidamente, o cérebro prefere operar inconscientemente, de forma automática. Portanto, tem uma forte propensidade a automatizar tudo o que pode ser automatizado. A maioria de nossos comportamentos físicos e mentais é iniciada e ocorre à revelia de nossas consciências.

* Nossa percepção baseia-se quase exclusivamente em circuitos gravados e usados de forma automática. Tendemos a interpretar a realidade automaticamente em função de nossa experiência e não da própria realidade. Como dizia Anais Nin "Não vemos as coisas como elas são, as vemos como nós somos".

* É muito mais fácil criar novas conexões e gravar novos circuitos (aprender algo novo), que apagar um circuito gravado (desaprender algo). Criar novos hábitos é mais fácil que mudar os velhos.

* Quanto mais atenção (consciência) se der a um dado circuito de conexões, mais as conexões serão reforçadas (aprofundamento da gravação). A consciência do aprendizado o reforça.

* A associação de emoção à informação ajuda a aprofundar a gravação reforçando as conexões.

* O cérebro é inerentemente "preguiçoso" e prefere tentar usar o que já sabe, os circuitos já gravados, para lidar com qualquer demanda, antiga ou nova que seja.

* Por outro lado, o cérebro possui uma capacidade impressionante e natural para desenvolver novas soluções para problemas antigos ou novos (criar novos circuitos e gerando insights), mas o acesso a esta capacidade precisa ser habilitado e estimulado para ocorrer.

* A emoção negativa associada à realização de não ter ainda conseguido resolver um problema estimula o cérebro a continuar tentando, e a emoção positiva associada à realização de ter conseguido, o informa que foi encontrada a solução e faz com que seja gravado o circuito de conexões que a gerou (cristaliza o aprendizado). O papel do feedback (dado de forma apropriada) é neurologicamente significativo.

* O cérebro funciona alternadamente em modo pró-ativo - aprendendo, tomando decisões conscientes, formulando novas soluções e criando novos circuitos - ou reativo - usando os circuitos existentes preponderantemente de forma automática. Os diferentes modos ocorrem em partes diferentes do cérebro. A proporção de tempo passado em cada modo varia muito entre pessoas e momentos, mas tendemos a passar muito mais tempo em modo reativo.

* A parte do cérebro responsável por sentir emoções, especialmente a responsável pelo medo, tem o poder de inibir o funcionamento da parte responsável por encontrar soluções. O acesso à inteligência racional - a que medimos via QI - é regulado pela atividade emocional. Quanto mais amedrontados, menos inteligentes somos.

A essência da prática da NeuroLiderança consiste de um conjunto de padrões de comportamento intra e interpessoal - de fato hábitos comportamentais virtuosos - os quais, levando em conta as implicações dos elementos acima, permitem incentivar e apoiar as pessoas no acesso às funções produtivas e pró-ativas de seus cérebros. Isso resulta em aprendizado facilitado, meta-aprendizado (aprender a aprender), uma gama mais ampla de soluções, mais ações, maior identificação e comprometimento com estas e, no final, mais satisfação.

Outros produtos significativos do trabalho de David Rock com NeuroLiderança são o NeuroCoaching® e a NeuroComunicação®. Esses conceitos incorporam e alavancam as preferências e processos naturais do cérebro, promovendo a coordenação e harmonia entre os "movimentos" dos cérebros das pessoas envolvidas, no que David Rock foi muito feliz em batizar de "dança do insight", o componente central do modelo de NeuroCoaching®. Feliz porque a analogia com a dança não é só poética; de fato o processo de NeuroComunicação® possui inúmeras características em comum com o processo de dançar.

Como numa dança, o processo é reciprocamente voluntário; ocorre após um convite e sua aceitação; vale-se de movimentos perfeitamente naturais - ainda que não usuais - que qualquer pessoa sadia é capaz de fazer, porém executados de uma maneira específica; inclui certo nível de desafio e superação; a motivação de cada um é autoproduzida - motivação intrínseca. Também, como numa dança, um conduz e apoia, enquanto, o outro se entrega deliberadamente à condução e ao apoio (o que requer confiança), mas ninguém arrasta ninguém e todos se sentem realizados.

A Dança do Insight é chave entre os seis "passos" do NeuroCoaching® e da NeuroComunicação®, e comprovadamente uma das ferramentas ao alcance de uma nova dimensão de liderança que incorpora o entendimento ampliado do cérebro humano.

Fonte - www.rh.com.br

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